segunda-feira, 5 de maio de 2014

Fobia



Ela apertou o passo querendo de alguma forma fugir de sua sombra. Mas esta a espreitava em cada janela encostada ao chão. A cidade  possuía olhos por baixo das casas e prédios antigos...eram verdadeiros buracos negros úmidos, empoeirados e cheirando a mofo. Quando passava sentia-os bafejar-lhe algo, mas sua voz evaporava mal tocava a claridade. Seus olhos escorregavam para  eles como meninos assustados e curiosos que tocam a campainha para esconderem-se depois. Que pensavam e o que queriam, roubar-lhe a alma ou carregar isto e corpo e gritos chão a dentro? De qualquer forma ela cuidava: sua sombra não podia jamais encostar nas janelas. Mas eles continuavam a observar por cada esquina, e cada rua, os porões de concreto, cavernas modernas (ou nem tanto) cheias de lixo, de bicho e de escuro. Ela apertava o passo sempre que a cidade ameaçava engoli-la. E ela pensava que morrer de medo deve ser era a pior morte de todas.

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