A guitarra do Santana esvaia-se no ar quente daquela tarde. Cause you're so smooth... As palavras e o som se encontravam e derretiam sob seus ouvidos preenchidos pelos gemidos um do outro. Ele dedilhava seu corpo nu, ia descendo pelas costelas e pelas curvas até chegar em sua vulva pulsante. Ela gemia. Tinha os cabelos escuros escorridos pelos seios e costas tal como um rio deslizante e vivo quando todo o corpo se mexia. Ele alisou os seus lábios, não os de cima, os de baixo, até finalmente encontrar o clitóris. Massageava com pouca pressão, quase como se uma pena pousasse e voltasse a subir. Passaram alguns minutos até a música terminar e voltar tudo ao silêncio do mormaço de um agosto em Paris.
Os olhos dele puseram-se pregados nas vigas de madeira escura do teto. Um apartamento de 30 metros quadrados que lhe sugava quase metade do seu salário. Se não fosse a proprietária ter gostado de sua "atenção", digamos assim, ele nunca conseguiria morar no terceiro arrondissement. Ficavam sempre assim depois do sexo, ele perdido no passado, ela tonta de luxúria repousando em seu peito. Ana abraçou-o ao primeiro gesto dele ao se levantar, mas desistiu no meio do caminho. Seus olhos cruzaram por poucos segundos, culpados, e ela pensou se seria a única que pensava no marido quando trepava com o amante.
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