Pois é, ontem um francês bateu-me à porta. Como estava de colete de funcionário de obras (?) e uma planilha na mão, imaginei que era primeiro o cara da entrega do pinheiro que compramos pela net, depois o eletricista que ficou de vir aquele dia (e não veio). Quase o convidei a entrar para arrumar as lâmpadas do corredor que se as acendemos, não se apagam nem por promessa. Mas o homem só sabia me dizer bois, bois e fazer gestos com as mãos e a apontar para cima. E eu, ah ok, deve ser da mesma empresa do homem que veio limpar as chaminés. Cheguei mais perto para o escutar melhor, como se a proximidade física nos ajustasse as estações linguísticas, que como é óbvio foi em vão. O homem insistia na bois, e eu sei que bois (boá) é madeira, às tantas achei que queria me vender lenha. Arrisquei um je ne compri pas, em English please. O homem torcia as mãos e chegou a olhar para cima: mon dieu, será que era hoje que o obrigavam a falar inglês? Para a sorte dele o marido chegou bem em tempo, como os super heróis de filme, tal foi a expressão de alívio que o sujeito soltou. Não fosse a minha péssima memória para rostos, já teria entendido que o vizinho do lado esquerdo da casa estava apenas preocupado com o barulho que fazia quando cortava a lenha ali em cima. Ufffa... ainda bem que não foi mais explícito a fazer com um machado imaginário que eu ainda lhe tomaria por um psicótico qualquer.
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