Esta semana fiquei a saber o nome dela. Hafize o tinha escrito em meio a flores no papel para que o professor pudesse sabê-lo. Agora éramos colegas de curso, já que passei para o segundo nível de francês. Magra e alta, tinha os ombros largos que se deixavam marcar no casaco. Hafize é turca e mora aqui há quatorze anos. Todos os dias a via buscar e levar o filho tantas vezes como eu. Fiquei sabendo que Alpharren é o melhor amigo do Fabian, que inclusive ele sempre aponta para a letra A do amigo e repete. Mãe, é A de Alpharren! Apesar de nos vermos frequentemente e já lhe ter juntado o filho que se estrebuchara a minha frente, ela apenas sorrira para mim. E só o fato de nos tornarmos colegas pareceu hoje razão suficiente para que estabelecêssemos um diálogo. Hafize havia me chamado a atenção há muito tempo já, por duas razões: primeiro porque sempre traz um turbante preto à cabeça e depois porque lembra muito mesmo uma amiga de infância. Quase a posso chamar de Bruna, não fosse a verdadeira andar milhares de quilômetros longe daqui. Mas nossos filhos são melhores amigos, trocam olhares e frases cada um em sua língua materna. E nós sorrimos, às vezes chamamos a atenção para que não atravessem a rua na larga calçada em que correm. Não sei bem se ando a enganar-me propositalmente, mas é tão bom quando topamos com um rosto conhecido, mesmo que seja um truque da nossa própria mente...
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