domingo, 15 de setembro de 2013

Veste a roupa, cobre a teta, chegou o José de Anchieta!



O que eu gosto deste grupo da mtv! É um tipo de humor inteligente, que nos faz pensar e questionar fatos dados como óbvios,  viciados pelo mesmo olhar da rotina. Neste vídeo, conseguem brincar em primeiro lugar com o ritmo techno, psy, trance ou seja lá o que for que não entendo de música de boate, cantada em inglês, com seus clips psicodélicos, com gente dançando de forma estranha e geralmente com uma letra nada a ver. Segundo, e de maneira nenhuma menos importante, porque fala com liberdade de criação do choque cultural da invasão do Brasil. Sim, invasão e não descobrimento ou não fiz quatro anos de História para continuar a pensar como os bois. 
Embora os Aimorés (denominados de tapuias pelos tupi-guaranis), fossem canibais, não comeram o padre José de Anchieta que morreu bem velhinho para época, com 63 anos. Interpretado pelo humorista  Paulinho Serra, a personagem histórica veio com a missão de catequizar os índios e iniciar de uma forma mais abrangente através do Catolicismo, um processo de aculturação. Mudam-se os pudores, cobrem-se as genitálias e muito mais, porque para o europeu os índios andavam nus. E na verdade para os índios, as pinturas corporais, ou o prepúcio tapado são indícios de que não estão. Os invasores ficavam consternados com as regras sexuais aparentemente orgíacas dos nativos, assim como estes o ficavam quando os homens da fé pregavam celibato e depois transavam com suas mulheres. 
Infelizmente a única história que temos acesso é etnocêntrica, baseada na visão de mundo européia, que ridulariza os primeiros contatos com os autóctones. A troca de espelhos e quinquilharias por algo mais valioso, pedras preciosas talvez, faz com que acreditemos em uma suposta burrice por parte de nossos índios. Quando seria plausível acreditar que em uma sociedade tribal  e um habitat rico, em que temos tudo à disposição (caça, plantas medicinais, abrigo, etc), é lógico desvalorizar um punhado de pedras amarelas que não servem particularmente para nada. E está muito bem apanhada a última frase "thank you José de Anchieta" e a cena de gratidão e subserviência dos índios por um alegado salvamento dos pecados e da barbárie.
Posto isto, a música fica mesmo na cabeça e volta e meia ando com "sua tribo vou livrar do capeta"  Ô Ô Oô!

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