quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dois

Quando alguém comenta que uma fulana qualquer voltou grávida da lua de mel não deixo de sentir pena. Tudo bem que há quem veja que toda a criança é uma benção, mas convenhamos que um casal para se estabelecer como tal precisa de algum tempo à sós. 
A viagem à Paris que o M e a R fizeram desta vez foi reduzida à torre Eiffel e à Disney. Nada de jantarzinho romântico, nada mesmo, nem de brioches e chás sossegados. Mc donald’s e no máximo crepes de nutella fizeram o cardápio de uma semana. Se não fossem os anos que passaram a dois, a maneira como juntaram as mãos e caminharam sem destino nos jardins de Luxemburgo, à vista da Monalisa que os observava com inveja, não seriam tão eles.
As pessoas mudam com o tempo, mudam de hobby, mudam de casa, mudam amizades, trocam de emprego, ficam ófãos, viram carecas, criam barriga e bom senso (tá bem, às vezes não). E o filhos crescem, atropelam-nos pelo meio, uma hora ajudam, outras muitas atrapalham. Hoje dou razão ao marido por ele ter me segurado por três anos minhas tentativas para engravidar e hoje vejo que por mim poderia pensar em filho lá pelos trinta. Poderia esticar até quando desse, até perceber-me mais paciente e madura. Mas apesar das decisões que tomei, valorizo aqueles três anos em que andamos despreocupadamente, em que não tínhamos horários e podíamos assistir o Horatio ao invés de Galinha Pintadinha.

 Um casal precisa de tempo livre de filhos, de preferência antes destes, a intimidade requer tempo para desabrochar, requer domingos atirados ao sofá, dias na praia em horas impróprias, requer sexo sem interrupção, requer animais de estimação a quem trataremos por filho, requer cinema até a meia noite. Serão estas as lembranças que traremos quando pensarmos em nós e é incível tudo o que pode caber entre um mais um.

2 comentários:

  1. tens toda a razão amiga, é tão verdade. Filhos não são sempre uma benção, depende de quando vêm e se são ou não muito desejados.
    Sabes que gosto de i pela tua sinceridade e porque não és hipócrita, sabes apreciar o bom da vida sem dramas e fazes questão de levar o melhor da vida. Ter filhos é bom mas não é tudo!

    Um beijinho doce

    Maggie

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  2. Obrigada Maggie! Também gosto muito de ti, infelizmente minha parada em Portugal será rápida, mas quando planejar passar uns dias, quero finalmente te conhecer :)
    beijinhos

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