quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ilariê

Não consigo dançar em público, não consigo. Faz parte do pacote sobre ser tímido deve ser. Das poucas vezes que fui a boates ficava sempre disfarçando com um copo de coca na mão e a fuga eterna em direção ao banheiro. Claro que levava minutos a passar no meio daquela aglomeração no escuro e era esta a intenção. A minha amiga J. nestas horas balançava a cabeça e entortava a boca em uma maneira muito particular dizia: tu ainda vai acabar como aquelas velhas dançando em festinha de criança! A simples imagem de uma velha de seios caídos e de  saia comprida, sacudindo as pernas cambotas ao som de Ilariê é tenebrosa! Deus, por favor me tira deste filme!! Esta cena acompanha-me a cada vez que decido não participar em uma aula de zumba, fico vendo outras até mais descoordenadas que eu. Ilarilariê ô ô ô. Eu vou me sentir ridícula. Dá um pulo vai para frente, de peixinho vai para trás. Traseiro grande se rebola e as crianças deixam cair pedaços de docinho pelas bocas abertas. E se eu piso no pé de alguém? Irraa se esgola a Xuxa. E se pior, eu caio em direção ao espelho e?... Jesus, a velha toma conta da sala e a transforma em pista de dança. Mais ilariê ilarilariê ô ô ô. A velha dança e se diverte da minha vergonha. E continua pelos mais de cinco minutos que dura a música ou até quando a professora bate palmas e termina com a aula. Na próxima eu vou, digo para mim enquanto faço o sinal da cruz mentalmente.

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