sábado, 4 de maio de 2013

Sábado de manhã

Sábado é dia de Muay Thai, assim como terça e quinta. Eu como sempre ando morrendo pela elíptica, com o olhar distraído entre os vidros que ocupam toda a fachada da academia e os meus colegas esforçados (ou nem tanto) nas esteiras. No princípio tive curiosidade  e até ponderei entrar na aula, logo eu que não gosto de aulas de grupo! Mas depois vi que aquilo se encheu de tal forma que os chutes tinham de ser dados com muito cuidado para não dar na bunda do colega da frente. O engraçado é observar as pessoas durante o aquecimento e depois na luta propriamente dita. As mulheres são evasivas, exitantes nos chutes e socos. Os rapazes são ansiosos por se mostrarem melhores que o seu adersário. Acho que esquecemos que apesar de tudo temos muito de animal irracional em nossos genes. E eles nos dizem que as mulheres não nasceram para lutar, nem tem reflexos para isto (salvo raras exceções), os homens tem músculos desenvolvidos e a rapidez necessária para derrubar outro oponente ou uma presa. Basta olhar para um grupo de adolescentes, no modo como passam grande parte do tempo a empurrarem-se para impressionar as meninas, em uma brincadeira de fingirem uma luta entre risos e palavrões. Como diria uma amiga "é mesmo que ver" os filhotes de leão ou qualquer outra espécie a treinar para futuros combates. 
Interessante é ver que ali não há raiva, mas mesmo não havendo raiva o olhar deles muda: ficam focados no adversário. Cada investida encontra uma resposta, uma defesa e posterior ataque. Cada olhar busca uma fraqueza, busca derrubar o outro no chão. De toda a turma, apenas um está avançado, ele é um homem muito feio, alto, cabelo cortado deixando o topo da cabeça mais comprido e tingido de loiro. É afoito, sabe que por enquanto é o melhor. Mas está no meio entre os outros alunos e o professor. Já as meninas estão parelhas, talvez ainda pelo medo de se machucarem, mesmo sabendo que estão todos devidamente protegidos com caneleiras e faixas. Entre elas, cada tentativa uma risada, pensam demais, analisam demais. Talvez a fulana devesse usar uma calça menos berrante ou um top maior...e...e...acabou o tempo. Próxima dupla, grita o professor.

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