Certo tempo atrás deixei de acreditar em rituais. Não fui na minha "formatura" do segundo grau, nem a do primeiro. Achava ridículo formatura no período escolar: para quê? Pensava eu maliciosamente que devia ser para as "Patis" da escola que passavam o ano a conversar e que aquela palhaçada era o máximo que conseguiriam de graduação na vida. Por isto abstive-me de festas e aluguéis de toga e intermináveis discussões sobre qual empresa de eventos seria a melhor e ao mesmo tempo a mais barata. Caguei e andei para as passas de ano novo, para as lentilhas, para os sete pulinhos depois da meia-noite.
Quando chegou finalmente a minha formatura na universidade, preferi fazê-la em gabinete e mais tarde, sequer esperei pela entrega do diploma. Minha mãe recebeu-o por procuração para mim. Não houve festa, nem nada. Não houve fotografias com o chapéu de plumas, nem o tão famoso "toma" com o braço para cima em sinal de despeito a segurar o canudo.
Casei no cartório, ou melhor, na conservatória. Não houve vestido de noiva com direito a saia volumosa, nem bordados de pérolas falsas, não houve marido de terno ou smoking. Mas houve um jantar na casa da guia, era o que podia-se fazer na época e eu que não "acreditava" mais em rituais, dei de ombros.
Acontece que com o passar dos anos, comecei a olhar com mais complacência para eles. Não, não precisamos de rituais para viver, no entanto não posso negar que para a maioria das pessoas, eles dão algum sentido à vida. O batizado de um filho, a festa de quinze anos da jovem, o primeiro salário que recebemos. Somos nós que damos significado para as situações, e se acreditarmos que a vida vem em ciclos, como a natureza, nada mais lógico do que
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