sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A dependência financeira tardia e o amor

Nenhuma mãe ama os filhos igualmente. Nenhuma mãe os trata da mesma maneira. Sabem porque? Os filhos não são uma peça única e uniforme, os filhos são entidades separadas, cada uma com suas particularidades. Parece muito óbvio, mas a verdade é que nenhuma mãe gosta de admitir isto. Fica muito feio, afinal amor de mãe não é igual? Não é incondicional? Quem me conhece sabe da minha visão sobre a maternidade, em como luto para desmistificar esta áurea de santidade que existe à volta do amor materno.
Vou dar dois exemplos de mães de múltiplos filhos que são dois casos que conheço: a minha vó e a minha sogra. A minha vó teve quatro filhos: a minha mãe, os meus dois tios: MJ e A e a minha tia M. Podia-se ver claramente a preferência da minha vó pelos filhos MJ e M. A minha mãe foi mãe solteira e durante o período em que me criou sozinha teve algum apoio por parte dos meus avós. O tio A foi um caso parecido com o do meu cunhado, foi um filho muito muito muito mal criado. Tinha sempre tudo na mão, sempre viveu para as aparências e o meu avô teve de lhe arranjar o trabalho que até hoje está. O tio MJ apesar de aparentar ser esforçado, sempre dependeu financeiramente dos meus avós, meu avô deu pelas minhas contas 5 ou mais oportunidades para que ele se desenrascasse: sociedade em uma loja de carros a carroça de cachorro-quente. Nada deu certo. A minha tia chegou em uma fase melhor e teve os estudos pagos, quando fez 30 foi morar em Portugal, mas depois que voltou e arrumou marido e filho, precisava constantemente de dinheiro. A minha mãe foi a que menos recebeu proporcionalmente em anos e em ajudas. Isto a magoa até hoje.
A minha sogra teve quatro filhos: o marido, o H, o P e a M depois de 13 anos. Os três primeiros vieram de uma carreirinha só, com pouca diferença de idade. O marido casou-se e teve filhos, mas desde os 22 anos trabalhava e pagou seu curso, o H casou, teve um filho, mas dependeu e até hoje depende financeiramente da minha sogra. Do tipo ter uma quantia fixa por mês para viver. O P vocês já sabem, já o apresentei. E a M mora no exterior, trabalha muito, mas em condições precárias e algumas vezes precisa de ajuda financeira. A sogra já deu dinheiro a todos os filhos, mas curiosamente ao marido o dinheiro não é dado, é empréstimo. A que vamos pagar assim que ele arrumar um emprego e estabilizarmos nossa vida. 
Destes casos que descrevi assim por cima, fico pensando que o dinheiro e o amor tem muito a ver com outro. Curiosamente os filhos a que se dedica mais tempo e mais dinheiro e consequentemente mais amor, são os que mais precisam e os que mais e mais estão sempre empacados a depender dos pais. São assim o MJ e a M da minha vó e são assim o H e o P da minha sogra. São aqueles a que não se consegue dizer não, nem impor limites. E até acho e quero acreditar que sim, há outras formas de parentalidade, porque eu vou ser uma delas. Porque pelo que tenho visto, quanto mais se estende a mão, mais a situação de dependência se reforça. Uma coisa é ajudar em uma situação pontual, outra é manter este vínculo permanentemente. E é aí que principalmente a mãe peca, porque o amor (ou o que ela entende por isto) já não está ligado ao dar de comer, ao leite, ao arroz com feijão e o beijo antes de dormir. O amor está ligado em manter aquele filho, em fazer o papel de mãe, de proteger o filho da vida, dá-se o dinheiro, dá-se os meios para que ele sobreviva. É tão ou mais válido do que dar amor. Ou não seja esta a variação de amor que conhecem. O dinheiro aqui me parece uma troca emocional, que implica em uma série de comportamentos que se auto perpetuam até que o cordão umbilical seja finalmente cortado. Mas creio que isto só se dará com a morte dos pais, quando finalmente as crias terão de abandonar o ninho.

2 comentários:

  1. Amor estranho esse, gostava de perguntar a razao pelo qual agem assim mas normalmente iriam responder que era por amor, ou porque estavam a precisar, ou entao que a vida é assim...

    Aceito que amemos os filhos de forma diferente, aceito isso, mas existir um preferido, nao!! Nao concordo, pelo menos no meu entender, tenho 3, ok, ainda sao pequenos, a vida vai encarregar se de me mostrar essa teoria...

    Espero estar a altura e nao magoar nenhum deles, mt menos dar mais dinheiro mais a um que a outro (isto se eu tiver dinheiro para dar LOL)

    Bjs
    Marina

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  2. Acho que o principal é educar para que desde cedo se valorize as coisas que tem, que nada cai do céu. Para teres idéia, quando soube que o meu enteado estava vendendo um amplificador por 500 reais, meu cunhado prontamente disse que comprava. Mas para ele tudo é fácil, não trabalha e ainda tem mesada, por isto acha tudo barato.
    Bjinhos

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