quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ça vá? Bah...não, saravá!

um curso de francês e uma aulas de mímica também...


O meu pior defeito com certeza é o pessimismo. E ele é tão antigo e tão presente que me é difícil andar a silenciá-lo. Não só difícil como também cansativo. Já o segundo pior defeito é ser medricas. Detesto mesmo!! Acho que fui criada tão protegida em um colégio de freiras, desestimulada a trabalhar em part time quando estava na faculdade, convencida a não ser boêmia pelos micos constantes que meus pais me fizeram passar que acho o resultado compreensível. Tenho medo de mudanças. Tenho medo de tudo que é desconhecido. Tenho medo de mudar novamente de país, desta vez para um que não falo patavinas e que entendo muito menos. Ler eu até chego lá, fiz um ano de francês instumental com ênfase em leitura e interpretação acadêmica. 
Fico verde só de pensar em ir ao mercado sozinha, em ir em busca de escola para o Fabian. Em que falem comigo na rua e eu fique tal qual um surdo mudo a fazer mímicas com uma baguete a balançar. As pessoas vão achar que sou louca. Já até decorei uma frase: désolé, je ne parle pas français. Tá mas e daí, o que me salva depois disto? O inglês? 
Tem horas que eu só penso, segura na mão de Deus e vai e vai. Não sei quando o marido vai conseguir nos buscar, mas é uma questão que me aflige. Será completamente diferente de Portugal onde mal ou bem entendíamo-nos, onde fui acolhida pelos amigos dele, onde fui perdendo o medo de andar sozinha porque a qualquer momento podia parar alguém e pedir ajuda. Já pensamos que será primordial a minha inscrição em um curso de francês quando lá chegar, mas tem outra coisa que me incomoda: o tal biquinho. Não gosto de fazer biquinho, sei lá, dá a impressão que to pedindo beijinho por aí, tal e qual aquelas peruas velhas. E depois são aqueles erres impronunciáveis, as élision chatas que me perseguem. 
O que me consola, é que ao menos vou realizar o sonho de toda pessoa civilizada que é soltar palavrões no meio da rua e ninguém entender. 

4 comentários:

  1. Deixa o medo e o péssimismo de lado e encara esta nova etapa como uma aprendizagem. Vais ver que a língua aprendes em dois tempos... pois não terás outra solução! Espero que bem rápido o teu marido consiga arranjar condições para se juntarem os 3 em frança. Bjinho

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  2. Obrigada Mieke!! Esperamos também que este tempo seja menor do que imaginamos!
    beijinhos

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  3. Falando da minha experiencia, realmente a lingua e a cultura foi mt dififil para mim, gosto da lingua francesa mas nao gostava dos franceses, frios e desconfiados! Mas agora ao fim de quase 9 anos aqui, ja falo bem a lingua, claro sempre com sotaque e alguns erros mas ja vou a todo lado sem aquele medo eheheh E comecei a gostar dos franceses, pois quando nos habituamos e conhecemos melhor a cultura e as pessoas ve se que afinal até sao boas pessoas e humanos até ihih (eu pensava que nao)

    Vem sem medo e se puderes ir aprendendo a lingua que o resto vem na boa!!

    Coragem e espero que tudo passe rapido e bem!!!

    Bjs
    Marina

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  4. É essa a ideia que tenho com diferenças: geralmente o português é mais fechado nas primeiras vezes, mas depois que nota que frequentamos o seu estabelecimento ou onde trabalha, fica mais gentil e alegre. O francês trata-te bem, mas não importa o tempo que voltes, a relação não passa de polidez, não há muita abertura para amizade. Isto quem disse foi o marido que já viveu 8 meses em Paris antes de me conhecer e não aguentou a solidão. Também falam que os Parisienses são mais cheios e que no resto do país o pessoal é mais simpático. Não sei, só vendo :S
    beijinhos

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