segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Desvendando Hollywood

Eu sei...eu sei. Sou uma péssima companheira de filmes em casa (mas só para o marido tá). É que chegam os primeiros 20 minutos para eu saber quem fica com quem, quem morre, quem sobrevive, quem era o vilão e qual era o grande segredo a ser revelado. Desculpa marido, mas é a minha imaginação que é foda demais lol. Não, estou brincando, é que raramente os filmes saem daquele padrão em que são produzidos quase como em série. Não quero com isto dar uma de pseudo intelectual que adoram aqueles filmes em preto e branco, e de preferência mudos. Sou apenas uma espectadora   exigente, daquelas escrevem em bloggers que ninguém lê. Mas vamos ao que interessa, eis a fonte que 99% dos roteiristas/argumentadores/escritores bebem há décadas:

Ação
Enquanto ouvimos a orquestra de tiros, eu penso em como o Bruce faz aquele tipo de homem que é feio mas tem qualquer coisa que atrai. Sei lá...cara de mecânico ou pedreiro? 

Opa, este é fácil. Filme de ação que se preze é aquele em que o mocinho tem uma bomba relógio no pescoço e passa as duas horas restantes lutando contra o tempo e também contra carros voando, pulando de prédios, fugindo sabe-se lá como a saraivadas de balas ao estilo matrix. Ah e nos últimos minutos ele consegue finalmente a chave de segurança para desativar a bomba e o filme acaba quando ele dá um daqueles beijos na mocinha que passou o tempo todo gritando e fazendo cu doce. 
Terror

Eu acho que mais de dois terços das casas americanas tem histórias de assassinatos encobertos e  as restantes foram construídas em cima de cemitérios indígenas.

Sabem aquela equação família que se muda para uma casa extremamente barata, que inocentemente não sabem (tá, às vezes sabem, grande fator criativo) que ocorreu um crime em que a família anterior foi morta misteriosamente? Aí somamos um adolescente rebelde em que ninguém dá credibilidade nenhuma quando ele começa a ouvir ou ver coisas estranhas. Ah, também podemos substituir o jovem por uma criança não tem qualquer problema, neste caso os fatores não alteram o produto. Todo mundo depois come literalmente o pão que o diabo amassou e não sei porque, mas na maioria das vezes é o pai quem morre, faz um sacrifício para que o resto da família fique a salvo. E assim termina, todos em lágrimas a fugir e sim, clichêzão é a casa posta para vender novamente e não raras vezes podemos ver outra família mudando-se para lá. Isto é a forma mais fácil de garantir uma continuação e por mais que a tentação seja grande...don´t, tende a ser mais fraco ainda sucessivamente. Vide atividade paranormal, pior que big brother.


Drama
Dizem que a Mag Ryan andou pegando umas dicas com a Thalia.

Drama mesmo é aguentar todas as dificuldades que assolam a vida do mocinho/a assim sem descanso, como se ele estivesse se afogando em um mar tempestuoso: quando pensa que vai respirar, lá vem uma onda e entorna o caldo outra vez. Mas é claro que ao fim podemos respirar aliviados e ele também, porque encontra finalmente o amor de sua vida, que é geralmente aquele amor adolescente que deixou em uma cidadezinha para tentar ser alguém na capital. Também é importante lembrar que ele tem sempre um passado a que se envergonha, muitas vezes foi uma criança mal tratada, criada em um orfanato ou pelo tio bêbado. Qualquer semelhança com novela mexicana não é mera coincidência. Todos os roteiristas devem saber quem é a usurpadora e a Maria do Bairro.

Comédia romântica

A Jennifer só tem duas expressões: cabelo preso e cabelo solto. Não, este biquinho não é uma expressão.  

Você sabe que é uma comédia romântica quando a Jennifer Aniston está no elenco. Ah e aquela outra mocinha como é mesmo o nome? A Sandra Bullock... Bem este filme é daquele gênero para ver em tpm (ou não). A mocinha é uma pessoa desenquadrada, faz o tipo tímida atrapalhada que nunca se envolveu verdadeiramente com ninguém e afirma de maneira veemente que não irá se casar, porque a cada vez que olha o cunhado tarado a se meter com a empregada, treme de medo.  E assim como quem não quer nada ela conhece o mocinho, a princípio vão ser implicantes mutuamente, mas aí passam por alguma experiência de sobrevivência (presos em uma floresta da amazônia, trancados em um elevador, carro quebrado no meio da estrada, etc) e de repente uma voz lhes avisa que tem tudo a ver um com o outro. Que se amam e que serão felizes para sempre. Este filme não surpreende de maneira nenhuma já que qualquer um pode prever que o casamento reunirá todo o elenco, inclusive aqueles que apareceram só por alguns segundos durante o filme.

Ficção Científica

Salvar o mundo é fácil. Quero ver é aturar a sogra no final de ano.


Este gênero tem três vertentes: ou é sobre ets ou sobre robôs ou sobre ets. Os medos da raça humana  (ou pelo menos dos norte-americanos) são explorados ao extremo, o medo de serem conquistados, ultrajados e transformados em escravos ou em alvo de caça. O medo de que o fruto da evolução tecnológica tais como microondas, geladeiras frost free, depiladores elétricos, um dia ganhem vida e se rebelem contra nós. O medo de haver outro universo paralelo, um outro eu, que talvez se tivesse seguido outro caminho, não seria realmente eu, mas que ainda sou eu. Estes tipos de filme nunca conseguem explicar nada e chegar a uma conclusão lógica, mas sempre saem como sucessos de bilheteria, porque ninguém quer admitir que não entendeu nada. Nem o autor.
E é uma maravilha quando acabam com as naves inimigas, são explosões e mais explosões no meio do universo (e sabe-se que o som não se propaga no vácuo, mas todo mundo esquece disto quando está procurando pela pipoca). Como última cena aparecem os grandes heróis da Terra que por coincidência são sempre (norte) americanos, carregando a bandeira dos EUA balançando ao vento. And that's all folks.
Não, da próxima vez que os ets quiserem invadir a Terra, esperamos que eles passem pelo Brasil, assim já ficam para tomar uma caipirinha e de quebra saem de destaque no carnaval. Será que nos States não sabe o real significado de "conquistar" lol?




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