domingo, 9 de dezembro de 2012

O pobre moderno

Nos sábados à noite há um quadro de humor no qual uma mãe e sua filha adolescente (Adelaide e Briti respectivamente) pedem esmola no metrô. Até aí nada demais, infelizmente ainda há muitos pedintes no Brasil. O diferencial é que no meio da ladainha de se fazer de coitada, ela abre a caixa de sapato e tira de lá um iPad para falar com o marido. E quando pede dinheiro é para futilidades tais como maquiagem ao invés de material escolar porque a filha também tem direito de ser como as outras meninas. Tem muita gente contra este quadro, mas eu confesso que até acho graça. Nunca estivemos diante deste chamado pobre emergente na tv. Lembro-me que o primeiro sinal de inclusão da classe C como é politicamente correto dizer, foi com a vulgarização de telefones celular. Hoje quem é que não tem? Os carroceiros tem, os papeleiros tem, as faxineiras, os lixeiros. Depois vieram os dvds, as tvs de tela plana e mais tarde as de plasma. Ultimamente tem sido o ar condicionado, aqui no sul faz tanto calor como frio intenso. 
A "culpa" disto é do governo Lula, dizem alguns e apesar de tema de grandes discussões, foi dele o trabalho de reerguer o país, de diminuir a miséria. Hoje há fome, sim, mas principalmente no sertão nordestino. O Brasil no geral, tem visto a ascensão do pobre moderno, onde há dinheiro para não haver fome e também há dinheiro (mesmo que seja em prestações) para aquisição de bens antes considerados de classe média. A política atual tem convergido para este fim, aumentam-se as chances de pagamento, carnês, cartões de crédito, no campo da educação com a criação de cotas nas universidades públicas para pobres, negros e índios que ano que vem chegam a 50% das vagas.  
Hoje o que o pobre busca é a igualdade de status com a classe média. E para eles, sonhar não custa. É dividido em dez vezes e a primeira parcela só vem depois do carnaval.  

2 comentários:

  1. Grande post!
    Adorei!
    É mesmo isso; "dividido em dez vezes e a primeira parcela só vem depois do carnaval".
    Portugal assistiu ao mesmo fenómeno e agora que os empregos deram para o torto está toda a gente aflita sem conseguir pagar as prestações e sem dinheiro para comer!
    Deus! Mas esta gente não toma juízo?

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  2. Tens razão, uma hora isto vai estourar! Estes dias vi uma reportagem em que a média que as pessoas queriam gastar com as compras de natal é 500 reais! É muito!! É equivalente a 90% de um salário mínimo...

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