terça-feira, 2 de abril de 2013

A sina das mulheres

A sina das mulheres é esperar. Esperar que os homens voltem, que as guerras acabem, que o sol nasça e se torne a por. Esperar os filhos em suas entranhas e depois, já aqui fora, que cresçam, que se tornem homens para partir ou mulheres para ficar. Mulheres são feitas de terra, sabem colher e acolher. Sabem que tudo passa, e afinal a terra permanece. Aceita. Absorve tanto a água quanto o sangue. Recebe tanto o corpo do inimigo quanto daqueles que aprendeu a amar. Já o homem é vento, é minuano. Tempestade enlouquecida. Bradam aos quatro cantos, passam, semeiam e vão embora. Esta é a sina das mulheres...esperar, como eu espero que um dia o meu homem volte. Ou me leve para junto dele. Que Ana Karenina o que, Ana Terra, Maria Valéria e Bibiana Terra, as personagens mais bem construídas que já vi (li), peritas na arte de esperar, viver e amar. 

Inspirado sem pudores daqui:
" E de novo Ana Terra começou a esperar...Esperava notícias da guerra: esperava a volta do filho. Se era dia, desejava que caísse a noite, porque dormindo esquecia a espera. Se era noite, queria que um novo dia viesse, mais cedo o filho voltaria para casa. Muitas vezes até em sonhos Ana se surpreendia a esperar, agoniada, vendo de longe no horizonte vultos de cavaleiros entre os quais ela sabia que estava Pedrinho - mas por mais que seus cavalos galopassem eles nunca chegavam."

O Continente de Érico veríssimo.

2 comentários:

  1. Gostei...
    mulheres são como terra...
    já submeteste os teus post para serem publicados no site mulher moderna? acho que ainda está em vigor um concurso! bjos
    Carla

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  2. Oi Carla, na verdade a analogia não é minha, é do Érico, em O Tempo e o vento, da qual o Continente é o primeiro volume. Apenas inspirei-me no que escreveu.
    Vou procurar, não sabia deste concurso.
    Obrigada
    Beijinhos

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